10/07/2019 :: Ver ou olhar o outro? Eis a questão

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2019-07-10

Ver ou olhar o outro? Eis a questão

Quantas vezes, ao longo de sua vida, você não apenas viu, mas ‘olhou’ as pessoas que estão a seu redor? Embora sinônimas no dicionário, olhar e ver são palavras antagônicas, bem diferentes. Ver é uma ação superficial. Não exige análise, entrega e tampouco tempo. É possível ver sem se atentar aos detalhes, às preciosidades percebidas nas entrelinhas. Já o olhar é para poucos, ou melhor, apenas inerente aos sensíveis. É uma prática daqueles que quase sempre conseguem perceber potenciais e/ou carências nos outros que estes sequer ainda constataram.

Diante de tudo que escrevi no bloco acima, não é equivocado afirmar que o líder com capacidade de enxergar seus pares sob a perspectiva do olhar, está muito mais propenso à colher frutos positivos em sua gestão. Quando ele olha seu time de forma analítica, ou seja, percebe cada membro, não como peça de uma engrenagem, mas sim [e principalmente] como um grupo repleto de pessoas com emoções e nuances, está respeitando uma característica cada vez mais evidente nos dias de hoje: a pluralidade das relações humanas. É impossível liderar sem considerá-la, ou melhor, não há como se relacionar sem considerá-la.

E só é possível desenvolver o olhar apurado a partir da empatia, colocando-se no lugar daqueles que o cercam. Para isso, tente pensar como você se sentiria se o problema do outro fosse seu e se as aspirações alheias se tornassem as suas. É óbvio que você não precisa tomar conta de problemas que não lhe pertencem, se comportar como um ‘psicólogo’ ou tampouco sentir, milimetricamente, o que o outro sente, até mesmo porque a ciência ainda não conseguiu criar um mecanismo que permita a transposição de mentes. Mas, enquanto esse mecanismo não aparece no mercado [se é que algum dia isso realmente acontecerá], valha-se de sua sensibilidade aguçada. 

Às vezes você pode perceber que o outro está diferente ou enfrentando algum imbróglio, apenas pelo tom de voz ou mudanças repentinas no comportamento. Nessas horas, dependendo do seu nível de proximidade, vale a pena uma conversa informal. Ela pode ser bastante útil e reveladora. Poucos minutos em que nos dedicamos ao próximo, são de um valor incalculável.

E quando me refiro ao olhar apurado, não quero atrelá-lo apenas a uma conduta dos líderes modernos. Esta competência também pode ser importante para que você tenha feeling ao tomar uma decisão sobre a carreira, resgatar sonhos profissionais e pessoais ou até mesmo concretizar um plano de ação. O olhar, como dito neste texto, é o que de fato nos compõe. Ele nos mostra qual caminho tomar, bem como os eventuais riscos de nossas escolhas.

Se você sente que está apenas vendo tudo e todos a seu redor, mas não os olha, está na hora de virar essa chave. Não existe uma fórmula homogênea para desenvolver essa competência. Talvez, o ponto de partida seja desacelerar, pois a pressa, muitas vezes, nos impede de perceber o outro com profundidade. Pense nisso!

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