17/08/2000 :: Emoções humanas desafiam sucesso das organizações

Artigos

Categorias:

2000-08-17

Emoções humanas desafiam sucesso das organizações

Gestores devem abandonar mitos para alcançar lucros

No momento, para ser considerado um bom profissional são exigidas várias habilidades, competências e conhecimentos o que gera uma busca incansável de cursos de extensão, especialização e idiomas. Quando a oportunidade surge, a organização tem se apresentado insegura com relação ao conhecimento de suas reais necessidades, o que dificulta a sua escolha com relação ao profissional e ou serviço que lhe é apresentado.

Ao analisar estes novos tempos do mercado de trabalho percebe-se a dificuldade que as organizações têm encontrado ao disponibilizar um cargo. Diante de tantas exigências, corre-se o risco de ter um candidato que esteja superestimado, e por isso, deve-se ter o cuidado para não prometer uma ascensão profissional que não vai existir. Porque, o profissional pode acreditar nas promessas, entrar na organização, sentir a ociosidade do cargo, a falta de perspectiva e começar a garimpar outras oportunidades, coberto de muita desmotivação.

O profissional, ao tentar entrar no mercado de trabalho, envia currículo, usa seu network e consegue uma entrevista. A organização muitas vezes não cuida deste momento do candidato que se encontra nervoso, ansioso, angustiado e um pouco constrangido. Disponibiliza cargos que, muitas vezes não são nem um pouco animadores – “é uma tarefa impossível de ser realizada; é como tirar leite de pedra”. Ela também se encontra passando por um momento de insegurança, incertezas e de muito stress.

Mas, a organização precisa estar atenta ao melhor candidato que se apresenta, observando e considerando: desenvoltura, conhecimentos sobre a linguagem do mercado, seus pontos fortes e fracos, habilidades e competências.

O investimento feito em uma carreira, hoje, é alto; qualquer curso demanda sacrifício financeiro para um profissional sem renda. A teoria defendida por tantos gurus, escritores famosos, filósofos é muito bonita mas, o mercado ainda está muito imaturo, onde as competências, habilidades e os conhecimentos não estão sendo prioritários. A desmotivação e o descrédito tomam conta dos profissionais que passam a viver um outro momento: o de observação. Observam as organizações, que diante da dificuldade financeira e da falta de competitividade no mercado, sofrem de miopia, encontrando dificuldades em captar durante um processo de seleção uma pessoa que possa realmente agregar valor ao seu negócio e aumentar o resultado de sua empresa.

As organizações pensam em aumentar produtividade, faturamento, fazer marketing. Como? Elas precisam primeiro, investir mais no conhecimento sobre a emoção humana, porque todas as atividades são administradas por pessoas. Pessoas com sentimentos, medos, angustias, alegrias, tristezas, com sucessos e fracassos; cada qual com suas histórias. São elas que influenciam diretamente no resultado da empresa.

Existe uma teoria que demonstra a necessidade dos profissionais em buscar auto conhecimento para crescerem e desenvolverem como pessoas, serem gerentes e líderes mais flexíveis, competentes. Existe uma tendência em se buscar um profissional com formação humanista para ser dirigente de uma empresa, acreditando na sua percepção, sensibilidade e conhecimento com relação a si mesmo e ao outro. Hoje, também, já existem profissionais de recursos humanos (RH) que desenvolvem trabalhos com grupos terapêuticos constituídos exclusivamente por estes dirigentes.

Trabalhar pessoas é o grande desafio dos empresários e gerentes de um modo geral. O ser humano é imprevisível; para ele não existem fórmulas e sim possibilidades. O desenvolvimento é contínuo e as mudanças afloram o ser desconhecido; por isso a necessidade do auto conhecimento. Você conhecendo as suas limitações e dificuldades fica mais fácil compreender a individualidade do outro. Se a sua auto-imagem é positiva, possivelmente você conseguirá ver muito mais qualidades nos outros do que defeitos; é só uma questão de percepção.

É importante criar um espaço para empresários, gerentes, supervisores e coordenadores de equipe descobrirem-se como seres humanos e abandonarem o mito do super herói, o invencível, o imbatível, o incansável, o melhor e o maior, aquele que aceita tudo e nunca falha. E por ser mito, está no imaginário e não no real. No real, o ser humano é frágil, vulnerável, submetido a altos e baixos, contraditório, ambíguo e muitas vezes estranho para si mesmo.

Este tipo de espaço visa possibilitar a formação de grupos para trabalhar o auto- conhecimento e o questionamento das imposições sociais, como a necessidade de aprovação, medo do julgamento, vergonha de errar, dificuldade em impor limites e dúvidas perante o próprio potencial, capacidade e competência.

O grupo pode favorecer o fortalecimento da pessoa do profissional, através do desenvolvimento de seus próprios recursos internos, tornando-os menos severos e exigentes consigo mesmo, mais sensíveis às razões do coração, mais corajosos de experimentar os próprios sentimentos, aprender a nomeá-los e através deles colher qual o melhor comportamento e atitude a serem tomados. E, mais importante que isto, capacitá-lo a desenvolver sua intuição, essa ferramenta fundamental de infinito saber, enferrujada e em desuso pela sua desvalorização no engodo do mito do progresso, cujo fruto mais amargo é a tecnocracia, assim como os mitos da cientificidade e objetividade. Buscar o entendimento desse movimento, onde o gestor precisa estar mais consciente de suas reais necessidades e integrá-las com a demanda de profissionais oferecida pelo mercado, pode ser a chave para o sucesso de muitas empresas.

Voltar