11/05/2006 :: A Teoria da Burocracia na organização pós-moderna

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2006-05-11

A Teoria da Burocracia na organização pós-moderna

Uma das primeiras aplicações do termo burocracia foi no século XVIII, onde o termo era carregado de forte conotação negativa sob uma monarquia absoluta. Nas organizações ela surgiu ao redor dos anos 40 pela falta de uma teoria sólida e abrangente que servisse de orientação para o trabalho do administrador. Foi criada por Max Weber, sociólogo alemão, por perceber, com o crescente tamanho e complexidade das empresas, a necessidade de um novo modelo organizacional mais bem definido, racional, capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos membros dela participantes.

Weber concebeu a Teoria da Burocracia como algo que tornasse a organização eficiente e eficaz, garantindo com ela a rapidez, racionalidade, homogeneidade de interpretação das normas; a redução dos atritos, das discriminações e subjetividades internas, assim como a padronização da liderança (decisões iguais em situações iguais) e, o mais importante, o alcance dos objetivos. A burocracia busca amenizar as conseqüências das influências externas à organização e harmonizar a especialização dos seus colaboradores e o controle das suas atividades, de modo a se atingir os objetivos organizacionais através da competência, mérito, capacidade e eficiência, sem considerações pessoais.

Mas, mesmo assim, a burocracia ainda é visualizada como um símbolo de ineficiência, demora e multiplicação de papéis desnecessários, pelas pessoas que compõem uma organização e que desconhecem a sua teoria. Ela também é utilizada para definir funcionários apegados a regulamentos e rotinas, assim como toda organização ineficiente é tida como “burocratizada”. Entretanto, este não é obviamente o propósito da teoria da burocracia, sendo que o leigo a utiliza para tratar na verdade de suas disfunções, não para definir o sistema propriamente dito.

Em referência ao tipo ideal de burocracia, existem críticas duras sobre a não participação da estrutura informal, às distinções entre os tipos de autoridades exageradas, ao conflito interno na organização e ao conceito de objetivos organizacionais, que apresenta uma variedade de problemas. Mas, foi a partir dela que as organizações pós-modernas puderam inaugurar um período de mudanças radicais e dramáticas: em vez de arregimentação, desmobilização de pessoas; em vez de especialização do trabalho, a multifuncionalidade e trabalho em equipe; em vez de estruturas e controles rígidos, alta flexibilidade e descentralização; em vez de submissão, responsabilidade; e em vez de confidencialidades e comunicações restritas, alto domínio de informações e habilidades de comunicação ampla e intensiva. A multiplicidade de procedimentos, flexibilidade estrutural, ambigüidade na definição de tarefas, descentralização de controles, dualidade nas fronteiras de responsabilidade, variação em produtos e serviços, antes considerados inimigos da eficiência, passam a ser a chave do sucesso.

Assim, pode-se dizer que o Modelo Burocrático foi um importante ponto de partida para as organizações e proporcionou um direcionamento administrativo para as mesmas, e de acordo com Merton (1978) apesar das suas limitações e conseqüentes disfunções, internalização das regras, excesso de formalismo e papelório, resistência a mudanças, despersonalização, categorização como base do processo decisório, superconformidade às rotinas e procedimentos, exibição de poderes de autoridade e dificuldade no atendimento a clientes, não se pode relegar sua grandeza. Pois, o modelo não foi proposto para conduzir as ações dos administradores, mas serve como base para reflexões positivas e normativas que visam explicar a realidade.

Então, o que se percebe é que foi a burocracia quem levou as organizações pós-modernas às chamadas “desburocratizações”, a uma maior consciência de todo o processo administrativo e de perceber como esse processo é fundamental para a boa manutenção das organizações, além de ter participação no desenvolvimento do próprio estado da arte da administração. Porque o papel do administrador é identificar a necessidade das regulamentações identificando e eliminando o apego exagerado a elas, evitando assim o excesso de formalismo e intermediando as resistências às mudanças.

Para isso, as organizações precisam aproveitar mais do potencial de seus recursos criativos, porque eles não vêem recebendo a atenção devida na grande maioria dos cursos de formação profissional. Tal processo implica não apenas uma nova forma de pensar, mas especialmente o cultivo de uma atitude diante da vida, marcada pela coragem de correr riscos, experimentar e criar. Os ingredientes essenciais da criatividade necessitam ser conhecidos e cultivados ao nível do indivíduo e das instituições, com vistas a promover um melhor aproveitamento de seus recursos humanos e evocar as mudanças que se fazem necessárias na estrutura básica da organização. Portanto, os gestores devem também contribuir para o desenvolvimento crítico e pessoal de seus colaboradores, incentivando a criatividade e o amadurecimento das teorias internas que levam ao atingimento dos objetivos propostos de forma eficiente e eficaz.

Se essas mudanças são boas ou ruins, é um julgamento de valor muito pessoal. O novo sistema, algumas vezes, é considerado liberal, podendo trazer dignidade e autonomia para todos os funcionários e eliminando a teia de normas controladoras e confusas que envolvem a maioria das pessoas em sua vida funcional. Em outro momento, ele pode ser visto como um mundo novo, insensível e cruel, onde apenas os mais capazes sobrevivem – e apenas temporariamente. Vai depender de quem está fazendo a análise do processo.

Portanto, o que se pode concluir é que tudo isso não é apenas teoria; é realidade. A organização pós-moderna se caracteriza pela responsabilidade, pela autonomia, pelo risco e pela incerteza. Talvez não seja um ambiente tranqüilo, mas é muito humano. Acabaram a rigidez e a disciplina artificiais da empresa convencional. Em seu lugar, existe um mundo cheio de confusões, desafios e insucessos característicos do mundo verdadeiramente humano.

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